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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia da Criança: Cidadã ou Consumista?


Na próxima segunda, 12 de outubro, comemora-se o Dia da Criança. Momento de refletir o que temos feito com as nossas. Estamos formando futuros cidadãos ou consumistas?


Pesquisas indicam que as crianças brasileiras costumam passar 4 horas por dia na escola e o dobro de olho na TV. Impressiona o número de peças publicitárias destinadas a crianças ou que as utilizam como isca de consumo.


A pesquisadora Susan Linn, da Universidade de Harvard, constatou que o excesso de publicidade causa nas crianças distúrbios comportamentais e nutricionais. De obesidade precoce, pela ingestão de alimentos ricos em açúcares ou gorduras saturadas, como refrigerantes e frituras, à anorexia provocada pela obsessão da magreza digna de passarela.


Sexualidade precoce e desajustes familiares são outros efeitos da excessiva exposição à publicidade. São menos felizes, constatou a pesquisadora, as crianças influenciadas pelas ideias de que sexo independe de amor, a estética do corpo predomina sobre os sentimentos, a felicidade reside na posse de bens materiais.


Impregnada desses falsos valores, tão divulgados como absolutos, a criança exacerba suas expectativas. Ora, sabemos todos que o tombo é proporcional ao tamanho da queda. Se uma criança associa a sua felicidade a propostas consumistas, tanto maior será sua frustração e infelicidade, seja pela impossibilidade de saciar o desejo, seja pela incapacidade de cultivar sua autoestima a partir de valores enraizados em sua subjetividade. Torna-se, assim, uma criança rebelde, geniosa, impositiva, indisciplinada em casa e na escola.


A praga do consumismo é, hoje, também uma questão ambiental e política. Montanhas de plástico se acumulam nos oceanos e a incontinência do desejo dificulta cada vez mais uma sociedade sustentável, na qual os bens da Terra e os frutos do trabalho humano sejam partilhados entre todos.


Um dos fatores de deformação infantil é a desagregação do núcleo familiar. No Dia dos Pais um garoto suplicou ao pai, em bilhete, que desse a ele tanta atenção quanto dedica à TV... Um filho de pais separados pediu para morar com os avós após presenciar a discussão dos pais de que, um e outro, queriam se ver livre dele no fim de semana.


Causa-me horror o orgulho de pais que exibem seus filhos em concursos de beleza. Uma criança instigada a, precocemente, prestar demasiada atenção ao próprio corpo, tende à esquizofrenia de ser biologicamente infantil e psicologicamente “adulta”. Encurta-se, assim, seu tempo de infância. A fantasia, própria da idade, é transferida à TV e ao apelo de consumo. Não surpreende, pois, que, na adolescência, o vazio do coração busque compensação na ingestão de drogas.


Com frequência pais me indagam o que fazer frente à indiferença religiosa dos filhos adolescentes. Respondo que a questão é colocada com dez anos de atraso. Se os filhos fossem crianças, eu saberia o que dizer: ore com eles antes das refeições; leiam em família textos bíblicos; evitem fazer das datas litúrgicas meros períodos de miniférias, como a Semana Santa e o Natal, e celebrem com eles o significado religioso dessas efemérides; incutam neles a certeza de que são profundamente amados por Deus e que Deus vive neles.


Crianças são seres miméticos por natureza. A melhor maneira de interessar um bebê em música é colocá-lo ao lado de outro que já tenha familiaridade com um instrumento musical. Ora, o que esperar de uma criança que presencia os pais humilharem a faxineira, tratarem garçons com prepotência, xingarem motoristas no trânsito, jogarem lixo na rua, passarem a noite se deliciando com futilidades televisivas?


Criança precisa de afeto, de sentir-se valorizada e acolhida, mas também de disciplina e, ao romper o código de conduta, de punição sem violência física ou oral. Só assim aprenderá a conhecer os próprios limites e respeitar os direitos do outro. Só assim evitará tornar-se um adulto invejoso, competitivo, rancoroso, pois saberá não confundir diferença com divergência e não fará da dessemelhança fator de preconceito e discriminação.


É preciso conversar com elas, através da linguagem adequada, sobre situações-limites da vida: dor, perda, ruptura afetiva, fracasso, morte. Incutir nelas o respeito aos mais pobres e a indignação frente à injustiça que causa pobreza; senso de responsabilidade social (há dias vi alunos de uma escola varrendo a rua), de preservação ambiental (como a economia de água), de protagonismo político (saber acatar decisão da maioria e inteirar-se do que significam os períodos eleitorais).


Se você adora passear com seu filho em shoppings, não estranhe se, no futuro, ele se tornar um adulto ressentido por não possuir tantos bens finitos. Se você, porém, incutir nele apreço aos bens infinitos – generosidade, solidariedade, espiritualidade – ele se tornará uma pessoa feliz e, quando adulto, será seu companheiro de amizade, e não o eterno filho-problema a lhe causar tanta aflição.


Saber educar é saber amar.


Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.

sábado, 19 de setembro de 2009

Teologia da instantaneidade


Todos nós sonhamos com a “Pílula Solucionadora”, ou com o “Botão Solucionador”, mas infelizmente eles não existem.


Todo mundo gostaria que existisse uma forma rápida de resolver qualquer tipo de problema. Todo mundo gostaria de ter à sua disposição uma pílula que sanasse todo tipo de doença como Câncer, Aids, Leucemia, Gripe Suína. Todo mundo gostaria que existisse um médico com uma receita milagrosa pra todo tipo de problemas, algo tipo o gênio da lâmpada e é até por esse fetiche ou por esse desejo desenfreado em resolver os problemas em segundos que existe essa lenda. Esse conto começa no oriente médio, milhares de anos atrás e se espalha por todo o mundo, séculos a fora e dá certo em quase que todas as culturas.


Pior é que essa cultura do “Microondas” está invadindo até o campo religioso, onde se prega um “deus” que resolve tudo e, pior, ou “melhor”, resolve tudo em segundos. Todo mundo quando achega-se a este “super-deus”, quer tudo na hora, tudo pronto e resolvido. Hoje se prega não só a “Teologia Da Prosperidade”, onde é Deus faz com que tudo que envolva o fiel prospere, mas como também a ”Teologia da Instantaneidade”, onde tudo que envolve o fiel propera, mas que essa prosperidade acontece rápida e instantaneamente. Esse é um fenômeno que tem invadido não só a igreja evangélica, como outras religiões modernas.


Não prego contra um Deus que faz prosperar, ao contrário, creio em um Deus próspero e prosperador, porém, a coisa não funciona tão simples assim. Eu acredito que não é só entregar o dízimo e os problemas financeiros estão resolvidos, não é só comprar a “Rosa Ungida” e seus problemas matrimoniais estão solucionados, não é só vir a igreja e seus problemas espirituais se resolverão.


Hoje, por causa destas Teologias (da Prosperidade e da Instantaneidade), tem muitas pessoas se decepcionando com os líderes religiosos, com as instituições religiosas e pior com o próprio Deus. Infelizmente tem gente deixando de acreditar em milagres por que muitos prometem alg em nome de Deus e não cumprem, logo não acontece o prometido e está ai a decepção. Só que não foi Deus que prometeu.


Acredito e tenho provado a cura, a provisão divina, a restauração de caráter e muitos outros milagres de Deus, porém isso acontece debaixo da soberania divina. Nós temos o poder de ministrar, e não determinar, ou seja, tanto realização do milagre quanto o tempo dele estão sob o governo divino e não sobre a tutela humana. É Deus quem sabe se recebo ou não, se é hoje, ou não.


Mas o melhor é saber que Deus é misericordioso e ouve o nosso clamor!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sobre Problemas e Ratos



Problemas! Todos os dias somos acometidos por algum tipo de problema. Tem dia que são coisas corriqueiras, que não são tão graves, e que nem precisam de tantas preocupações, mas mesmo assim esses probleminhas nos aborrecem. Outras vezes são grandes problemas e esses sim, nos fazem tremer, chorar e até desesperarmos. Bom, todavia devemos nos preocupar tanto com os pequenos problemas, para que eles não se tornem grandes, quanto com os grandes problemas para que eles não se torne problemas ainda maiores e nos destruam.



Hoje vou falar dos problemas pequenos, eles são como os ratos. Surgem em qualquer lugar, a qualquer hora, às vezes são inofensíveis, mas também podem causar muitos males. Algumas pessoas são indiferentes com estes roedores, outros, como na índia, até reverenciam e alimentam estas pequeninas criaturas. Na verdade, a grande maioria quer distância destas pestes, ou porque tem medo, quando não pavor, ou simplesmente porque tem nojo. Mas todos ignoram que os ratos estão ali porque encontraram um ambiente agradável a eles.



Cada um tem uma reação diante desses ratinhos. Existem pessoas que vêem esses roedores e reagem como se nada tivessem vendo, seguem seu caminho e nem se importam com eles. O que é ruim. Pois ignorar um animal que pode te fazer mal não é a melhor decisão, porque ele pode nos transmitir doenças perigosas e causar sérios danos.



Outra reação é a dos indianos que veneram, adoram, e até se alimentam juntos com os roedores. Sei que é uma crença deles, mas também acho estranho o fato de crerem que um animal possa ser um ancestral e por isso se alimentar junto dele, chegando a tomar leite numa mesma vasilha que esses animais.



Mas a pior reação é a dos desesperados, que, diga-se de passagem, é a maioria.


Tem gente que provoca cada escândalo por causa de um ratinho, que “Deus me livre”! Sobem em cadeiras para fugir dos roedores, como se eles, que escalam até paredes, não conseguissem subir numa simples cadeira. Correm com medo de serem pegos pelos pequenos monstros inimigos e nem sabem que na verdade são estes Monstros Inimigos que estão fugindo tentando se safar.


Às vezes acho que nossos problemas são assim, pequenos ratinhos! São pequenos e por isso alguns ignoram e logo vão enfrentar outros males maiores. Deixam de tomar decisões que parecem sem importância nenhuma, mas que um dia pode te trazer um problemão.


Outros costumam dar valores inversos aos problemas, não enxergam que o que aparentemente é uma coisa divina é na verdade um grande engano e um grande mal.


Mas o pior está com a grande maioria que enxerga o problema, mas que, por causa do medo e do pavor, não consegue perceber que ele não é tão grande assim. Existem uma infinidade de situações em nossa vida em que acontece isso. Subimos em cadeiras, mas não percebemos que nossos problemas escalam até em paredes. Corremos deles e nem percebemos que na verdade são eles que correm, não para nos pegar e sim para fugir de nós. Não quero parecer que estou falando só para mulheres, pois sei que existem muitos homens que também tem medo de ratos e fingem não temer.


Mas o melhor na vida mesmo é não deixar que esses pequenos problemas surjam. Assim como os ratos só estão em nosso meio porque encontraram lixo, restos de alimentos, ambientes úmidos, nossos pequenos problemas só estão ao nosso redor porque não recolhemos os lixos que estão em nossas vidas, não cuidamos do nosso ambiente e logo surgem as pestes nos atrapalhando. Por isso o melhor é cuidar do ambiente de nossa vida perdoando aqueles que nos ofendem, ajudando aos que precisam, sendo honestos em tudo que fizermos,na verdade, praticando aquilo que Cristo nos ensinou: “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo”. Fazendo assim dificilmente esses problemas roedores vão nos atrapalhar, assustar ou causar algum mal .


Por tudo isso, deixo um aconselho. Mesmo quando um rato aparecer, mantenha a calma e mate-o!



Gilliardi Batista Tolentino

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

“ O SUJO FALANDO DO MAL LAVADO”


“Como os gregos das antigas lendas mitológicas que assistiam perplexos e indefesos os deuses do Olimpo se atracando em lutas titânicas com direito a extraoridnárias exibições de poder, nos sentimos também atônitos diante da briga envolvendo a IURD e a Rede Globo. Em face a tudo isso, lembro-me de uma expressão usada por minha mãe, que em circunstâncias semelhantes costumava sentenciar usando a seguinte expressão: ‘O sujo falando do mal lavado’.

Enquanto aqui líderes evangélicos sofrem por não saber explicar o que fazem com tanto dinheiro, em outras partes, outros líderes estão sofrendo pela escassez de recursos, de liberdade, de bíblias, de obreiros. Enfim, sofrendo por amor a Cristo, pelo desejo de pregar o evangelho aos que nunca ouviram. Estes são motivos de orgulho; aqueles de vergonha.”

Pr. Roberto Amaral
Secretário Geral de Missões da Igreja Metodista Wesleyana

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Linhagem de Edir Macedo


Edir Macedo não é apenas o líder da Igreja Universal do Reino de Deus. O dono da Rede Record de Televisão possui inquestionável e atestada capacidade de reproduzir em larga escala uma enorme quantidade de “Macedinhos”. As cópias de Edir Macedo são “fiéis” ao original, reproduzem a voz, a mãozinha torta, o jeito enfático de falar e as mesmas propostas feitas pelo guru da prosperidade neo-pentecostal. Esses “macedinhos” que ocupam os púlpitos e programas de televisão são na verdade o grande segredo do crescimento Universal da IURD. Até aqui tudo bem. Quem é está na IURD tem que ser “Macedinho” e fim de papo. Quem é “Macedinho” é assumidamente e carrega consigo todos os “bônus” e “ônus” de ser uma reprodução de Edir Macedo. Entretanto, a linhagem de Edir Macedo vai além das fileiras da IURD, trata-se de uma grande quantidade de Batistas, Presbiterianos, Assembléianos, Metodistas e muitos outros “independentes” de comunidades sem fim, que reproduzem os métodos, as mensagens de prosperidade e tantas outras aberrações macedonianas. Esse é o problema, visto que estes “macedinhos” apócrifos estão fora dos arraiais da IURD, fora das ordens de Edir Macedo, mas se aproveitam de suas “práticas-que-dão-certo” para encherem suas igrejas. Prometendo benção, vendendo títulos, cajados, cargos e soluções fáceis aos mais difíceis problemas. Edir Macedo não está apenas na IURD, sua linhagem está por todos os lados, representado naqueles que arrancam dinheiro do povo com promessa de benção, que enriquecem e com o dinheiro da viúva pobre compram para si mansões, carrões, iates, fazendas. Não deixando quebrar aos pés do Senhor os vasos de alabastro vendem com a promessa de socorrer os pobres, mas desviam o propósito da oferta, compram para si os melhores perfumes, roupas e acessórios. Comem nos melhores restaurantes com o dinheiro dos cinco pães e dois peixinhos que eles não deixaram repartir entre o povo. O mal não é localizado, está UNIVERSALIZADO!

Só pra quem sabe discernir!

Rogério Barros

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ELE ERA HUMANO!


Grandes Astros também morrem e a prova disto é o que aconteceu recentemente com o MegaPop Star Michael Jackson. Os depoimentos que vemos na TV o classificam como sendo um Astro de Primeira Grandeza, e literalmente, o mundo está de joelhos diante de sua morte, hora chorando, hora idolatrando, hora xingando, hora endeusando este grande artista.


Não podemos ignorar os grandes talentos que Michael possuía. Dono de uma voz raríssima e de um gingado inimitável ele conquistou a alma e a devoção de Bilhões de Pessoas. E Durante esta conquista não foi só o afeto das pessoas que conseguiu, ele também se tornou dono de uma das maiores fortunas, possuindo um patrimônio de bilhões de dólares. Possuía carros, diretos autorais sobre o material dos Beatles, Mansões, inclusive em uma delas tinha um parque de diversões e um Zoológico particular (uma coisa pitoresca), entre outros valiosíssimos bens que o tinha. Por poder possuir o que quisesse, ele adquiriu hábitos não tão comuns, como colecionar passagens secretas em suas Mansões, afinal dinheiro não faltava para isso.

Por falar em dinheiro, ele usou muito do que ganhou com seus tratamentos de saúde e estética. Dizem que ele fez uma cirurgia pra mudar sua cor de pele, embora eu não acredite, por causa dos mitos que se criam em torno das estrelas. Michael vivia constantemente em clínicas especializada nestes tratamentos. Gastava milhões com sua saúde e beleza, se é que assim pode-se chamar, matinha até um médico particular, afinal ele podia.

Mas os fatos desmentem o que os mitos afirmam. Tudo mostra que ele, um Astro de Primeira Grandeza, era exatamente igualzinho a qualquer outro ser humano, que sofria de doenças, que tinha desejos e anseios, que tinha suas frustrações e decepções e que sofria de carências como qualquer outro homem.

Não quero diminuir o valor artístico sem igual de Michael Jackson. Isso ele tinha, e é impossível dizer o contrário. Dificilmente teremos um cantor, compositor, bailarino-coreógrafo com tantas qualidades e defeitos, igual a Michael Jackson, mas se analisarmos friamente a vida e morte deste astro, só podemos concluir uma coisa:

Michael não passava de mais um mortal. Que nasceu, viveu e morreu assim como acontecerá com todos nós.

Mas isso não faz dele um qualquer, não faz com que menosprezemos o valores artísticos deste ícone. Pelo contrário, faz de todos os outros seres humanos pessoas super-especiais. Que alegria e que tristeza é saber que sou como o astro pop, que posso fazer coisa impossíveis, mas que também sou capaz de cometer erros inaceitáveis. Eu e você não podemos nos esquecer que somos muito valorosos, mas também podemos ser muito cruéis, depende somente de quais são as nossas referencias.

Por isso não despreze a sua vida você tem grandes valores, mas é um mortal.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pentecostal, não esotérico.


Marcus e eu tremíamos. Diante do austero Conselho da nossa igreja, respondíamos sobre nossa recente experiência pentecostal. Em oração, eu e ele havíamos falado em línguas estranhas; experimentado o que os teólogos chamam de “glossolália”. Há vinte e cinco anos, a questão carismática havia rachado muitas igrejas batistas, presbiterianas e metodistas. Alguns líderes de nossa igreja não queriam correr riscos. Sentamos em um semi círculo e, seguindo todos os trâmites canônicos da denominação, foi-nos cobrada uma nova profissão de fé. Ficava patente para nossos inquiridores que não só criamos como também éramos pentecostais. A morna madrugada cearense se arrastava pesada quando, exaustos, percebemos que não havia reconciliação. Acabamos forçados a pedir afastamento da igreja. Passados tantos anos, nossos traumas foram curados. Desde então, a minha primeira e tão querida igreja mudou muito. Alguns elementos pentecostais que provocaram nossa exclusão foram incorporados à sua liturgia; há mais abertura doutrinária também. Duvido que hoje fossemos julgados com tanto rigor. Ironicamente, agora escrevo questionando sobre novas práticas e posicionamentos teológicos no pentecostalismo. Percebo um neo-carismatismo brasileiro muito diferente do que conheci.


Acredito que muitas igrejas, identificadas hoje como pentecostais, estão teologicamente muito próximas de um misticismo pagão. Distantes da teologia clássica, incorporaram valores de uma espiritualidade esotérica. Com certeza, há fortes segmentos de um novo pentecostalismo que não caminham com o que a igreja primitiva chamava de “doutrina dos apóstolos”. Urge mostrar que é possível ser pentecostal sem ser esotérico.


Recentemente, aguardava minhas malas na esteira de um determinado aeroporto. Uma senhora evangélica me abordou afirmando que se dispunha a orar por uma pessoa amiga. Pediu-me que intermediasse o encontro. Respeitosamente, respondi-lhe: -Lamento, mas não tenho acesso a essa pessoa. De pronto, ela me respondeu: -Pedi seu auxílio porque sei que posso ajudar. Depois, acrescentou: -Desenvolvi uma técnica de oração que, tenho certeza, dará certo. Em sua sentença, percebi os perigos que ameaçam os evangélicos brasileiros. Esse conceito de técnica é mais pagão que bíblico.


O paganismo se firma na premissa de que há energias soltas no cosmo. O aprendizado de técnicas e rituais capacitam as pessoas a instrumentarem essas energias em seu próprio benefício. O pagão prescinde de relacionamentos com a divindade. Seu deus pode ser indiferente e frio. Basta que se canalizem essas forças autônomas e até a divindade se obrigará a elas. Igrejas que ensinam aos seus crentes orações prontas, valem-se de amuletos e divulgam métodos para “conseguir” bênçãos de Deus, não são pentecostais ou evangélicas, mas versões cristianizadas do esoterismo do fim de século.


Meus primeiros passos nas igrejas pentecostais foram intensos. Atravessávamos madrugadas “buscando” a Deus. Quantas vezes, encharcando o chão de lágrimas e suor, suplicávamos com fervor que a sua vontade se cumprisse em nossas vidas. Algumas vezes, exagerávamos. Recordo-me de um amigo que, de rosto em terra, afirmava que preferia morrer a sair daquela reunião sem ser tocado pelo Espírito Santo. Em muitos sítios evangélicos hoje, a atitude parece ser outra. Resumem-se em desenvolver fórmulas de alcançar milagres. Infelizmente são poucos os eventos organizados para que as pessoas simplesmente busquem ser cheias de Deus. Questiono se ainda há espaço para oração em que não se desejam resultados práticos, apenas estar mais perto de Jesus.


A possibilidade de ser tocado pelo sobrenatural empolgou meus anos juvenis. Lembro-me que eu relegara ao passado a possibilidade de milagres acontecerem. Foram os pentecostais que me lembraram que podemos não apenas testemunhar, como experimentar o toque sobrenatural do Espírito Santo. Disseram-me que o seu poder me revestiria de virtude e que eu, a partir daquela experiência, seria consumido por um novo zelo missionário. Busquei e pedi que Deus me enchesse do seu poder porque desejava testemunhar dele com novo ardor. Senti-me invadido pelo transcendente em um culto de vigília promovido por nosso grupo da Aliança Bíblica Universitária. Meus objetivos de vida mudaram.


As religiões místicas também buscam experiências sobrenaturais. Não contesto que o fenômeno das línguas estranhas também já se evidenciou em alguns redutos espíritas. O argumento pentecostal é que o contato sobrenatural do Espírito Santo impulsiona para missões. A experiência pagã com o sobrenatural é ensimesmada. Deus não nos toca, não nos plenifica e não nos revela o transcendente somente para nos arrepiar. O esotérico busca paz; quer sentir-se melhor sem compromisso para o serviço. O cristão busca servir; quer ser instrumento capaz nas mãos de Deus. Devemos olhar com cautela as reuniões em que as pessoas são arrebatadas, jogadas ao chão, tomadas de riso e de choro sem desdobramentos posteriores no servir ao próximo. Alcebíades Pereira Vasconcelos, pastor e pensador pentecostal, escreveu: ”Também a unção do Espírito Santo nos enche de poder para testemunhar...Cheios do Espírito, podemos anunciar o Evangelho de poder, a tempo e fora de tempo (2 Tm 4.1-5)...Inflamados por esse fogo, seguiremos avante dando testemunho a pequenos e a grandes (At 26.22) daquilo de que somos testemunhas, a saber, da ‘razão de ser de nossa fé’”.


Aquela reunião em que me confrontavam sobre a autenticidade de minha experiência com os dons do Espírito Santo, permanece vívida em minha memória. Ainda inexperiente e sem muita bagagem teológica eu não sabia argumentar o que me sucedera. Entretanto, estava consciente que minha vida havia mudado. O toque de Deus gerara em mim novos valores. O pentecostalismo sempre creu que o poder do Espírito Santo e santidade são inseparáveis. Donald Gee, inglês e precursor da teologia pentecostal afirmou: “Não há base bíblica para crer que um avivamento que só recebe o Espírito Santo como inspirador da Palavra ou da ação, e não da santificação pessoal também, continue no seu poder. ‘Entristecer’ o Espírito de Deus por falta de santificação (Ef. 4.30) com certeza termina também na ‘extinção’ do Espírito de Deus na sua manifestação (1 Ts 5.19). O plano divinamente equilibrado revelado no Novo Testamento é onde o Espírito Santo se assemelha na origem tanto do fruto como do dom; e para as duas fases da nossa redenção Ele é bem vindo e obedecido”.


Neste crepúsculo secular experimenta-se um avivamento de um misticismo pós-moderno. Tenho um amigo que estudou com um professor de lógica na faculdade de Filosofia que lecionava segurando um cristal. Sabe-se de ex-militantes da Teologia de Libertação profundamente envolvidos com um panteísmo que os inspira a adorar a “mãe terra”. Há evangélicos crendo em “mau olhado”, amuletos e no poder de um copo d’água ungido. Com tanta abertura para o transcendente, convém lembrar que é possível crer na contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, cura divina, milagres, anjos e exorcismos, sem ser esotérico. Basta não abandonar a Bíblia como única regra de fé e prática.


Continuaremos fieis ao cristianismo histórico, se nossos cultos buscarem nos levar a um relacionamento mais profundo e verdadeiro com Deus; nossa fé desdobrar se em serviço e a expressão de nossa vida cristã estiver marcada por caráter e não sucesso.


A identidade evangélica no próximo milênio, dependerá de nossa habilidade em distinguir uma coisa da outra. Que Deus nos ajude.


Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Brasil te dou liberdade para falar, mas por favor: CALE A BOCA!!!!



Brasil não assegura livre expressão, avalia OEA

BRASIL (*) - Relatório da divisão especial para Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), apresentado ontem em Washington, nos Estados Unidos, faz críticas ao ordenamento jurídico brasileiro. Redigido anualmente, o documento adverte de que, apesar da derrocada da Lei de Imprensa, o Brasil não oferece segurança suficiente para que cidadãos informem sobre assuntos de interesse público sem medo de serem presos, perder seus patrimônios ou sofrer agressões.


Compilado pela juíza colombiana Catalina Botero Marino, o documento tem como base denúncias apresentadas por entidades brasileiras e internacionais que monitoram o direito à informação, como Repórteres Sem Fronteiras, Artigo 19 e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ao todo, dez páginas descrevem casos de agressão, assassinato, prisão e perseguição judicial a jornalistas e cidadãos brasileiros que publicaram reportagens ou expressaram suas opiniões em público.


A OEA demonstrou preocupação com atentados realizados contra sedes de jornais e equipes de reportagem. Interpretou também que a proibição da Marcha da Maconha vai contra a Convenção Americana. Segundo o texto, manifestações pacíficas são legais, desde que não façam propaganda a favor da guerra ou apologia de ódio nacional, racial ou religioso. A relatoria posicionou-se ainda contra a obrigação do diploma de jornalista para exercer a profissão, assunto que permanece na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF).



terça-feira, 26 de maio de 2009

Isaías, por favor, me responda: O que é o Jejum?



Olha só a Resposta que o Isaías me deu:

"... Clama a plenos pulmões, não te detenhas, erga a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados...

Eis que, no em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo vosso trabalho.

Eis que Jejuais por contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; Jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto.

Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR?

Porventura não é este o Jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo o jugo?

Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?

Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda..."

Bom, acho que nem preciso entrar em mais detalhes sobre o que é o Jejum, mas se alguém quiser debater, leia o cap. 58 de Isaías e depois sinta-se livre pra expressar sua opinião.

Gilliardi
26/05/2009



O que será que José de Alencar quis dizer?


"Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa."

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Quando um amigo me questionou sobre: o que é estar "aberto" ao diálogo teológico?


Minha resposta foi: " _ é saber que "A Verdade" é algo que um sistema, ou a dogmatização, não pode conter, e isso nos leva a ver que esta "Verdade", de grande que é, está sendo percebida por outros em uma ótica diferente da nossa."
Por falar em ótica, olhe no centro desta figura e me diga: o que é que você está vendo? Qual a sua impressão?
Um abraço,
Gilliardi
22.05.2009

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

"...A AMIZADE, NEM MESMO A FORÇA DO TEMPO IRÁ DESTRUIR..."




Este texto foi um depoimento que meu "irmãozinho" Gustavo postou em meu orkut e resolvi publicá-lo pois é uma reflexão sobre a amizade. Ele que sempre foi um referêncial de humanidade, hoje se torna um poeta e o melhor é o meu amigo/irmão/poeta. A bíblia nos fala dos amigos mais chegados que irmãos, agora digo "eu", melhor ainda se este seu amigo for o seu irmão. Guta, Tb Te amo muito!!!!!


"Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga,
que a distância não esquece,
que a maldade não destrói.

É um sentimento que vem de longe,
que ganha lugar no seu coração
e você não substitui por nada.

É alguém que você sente presente,
mesmo quando está longe...
Que vem para o seu lado quando você está sozinho
e nunca nega um sentimento sincero.

Ser amigo não é coisa de um dia,
são atos, palavras e atitudes
que se solidificam no tempo
e não se apagam mais.
Que ficam para sempre como tudo que é feito
com o coração aberto.

Deus me abençoou com sua irmandade e sua amizade.
Te adoro não esqueça disso.
Que Deus abençoe o seu caminho.
Um bj em você na Quesia.
Te amo"

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Texto escrito por um antigo Professor e amigo: Pr. Rogério Barros


A Semente do Sofrimento
O sofrimento humano é uma pedra de tropeço na relação entre Deus e Homem no curso da história. Muitos não entendem porque o Deus-Bondoso-Todo-Poderoso permite que inocentes sofram. Se é bondoso, porque deixa uma criança ou um inocente de qualquer idade sofrer? Ou não é bondoso, ou não é todo-poderoso. Mal, dor e sofrimento, são categorias que pertencem a “existência-humana-terrena”. Mesmo com o exemplo do Livro de Jó, e pensando que a dor e o sofrimento de Cristo na Cruz tornou-se no grande bem divino para beneficio da humanidade não dá para criar uma teologia-dogmática que explique o sofrimento. Não há como explicar pela lógica filosófica, ou pela lei de causa e efeito ou pelo conceito aristotélico de justiça a presença do sofrimento. Não há existência humana sem sofrimento. O sofrimento não é uma questão de justiça, não tem sua aplicação decorrente de causas humanas. O sofrimento não é matemático, não pode ser administrado, manipulado ou paralisado pelo homem. Deus fez do sofrimento uma semente que ele mesmo jogou sobre a terra, e ele brota da terra, onde caiu. Portanto enquanto estivermos com os pés na terra a semente do sofrimento pode nascer no quintal de nossas casas. Nasce da vaca louca, do espirro do porco, do resfriado da galinha, ou de experimentos em laboratórios que hora criam combinações físicas capazes de matar milhares em minutos, hora criam bactérias que causam doenças irremediáveis. Tudo isso nasce acometendo nossos filhos recém nascidos, nossos jovens na flor da idade ou nossos velhos na lucidez da vida. Assim como no processo natural a semente brota da terra, porque a terra produz. A terra produz o sofrimento que Deus plantou para nascer no transcurso do existir humano, sem que Ele mesmo fique todos os dias escolhendo a quem, como e porque o sofrimento virá. Não há uma seleção para aplicação conforme o merecimento ou não do sofrer. Como quem diz: “mal-sofre, mal-não-sofre”. O sofrimento não é uma “normal”, que estabelece, de 0 a 7 anos não pode sofrer, mas daí em diante, porque já adquiriu consciência de “bem e mal”, pode sofrer, porque ai haverá uma explicação lógica-teo-lógica para o sofrimento. Não dá para culpar ou questionar Deus porque crianças sofrem, ou porque um jovem-bom-pai, ou uma donzela sofreram o mal, sem aparente causa. Simplesmente porque o sofrimento e o mal são produto da terra onde se vive o existir humano. Da mesma terra onde tiramos o pão como suor do nosso rosto, colhemos o sofrimento que foi plantado por causa de nossa grande arrogância. Então o sofrimento é o freio de Deus para humanidade, não apenas para os pais, não apenas para os filhos, não apenas para os velhos ou para quem viveu meses, mas para a humanidade em todas as etapas do existir.

Rogério Barros

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Minhas Ambiências




Um dos maiores desafios cristãos é sentir-se um com seu próximo. Por isso, viver a realidade do salmo 133 é quase “a dimensão do impossível”, diante de tanta adversidade e diversidade de personalidades neste mundo pós-moderno. Mas, esta união não é uma utopia, embora não seja tão simples, ela é uma grande possibilidade na vida daqueles que querem, ou podem vivê-la.
Tenho analisado o que realmente tem a capacidade de unir as pessoas, e percebo que além do mesmo ambiente, é necessária uma ambiência.
Ambiência não é apenas o ambiente, é um espaço físico que é dinâmico e promove a interação dos seus participantes. Ela, na verdade, não é formada pelo que se constrói fisicamente, mas sim pelo que se vive neste espaço. A ambiência é marcada pelas experiências obtidas em determinados lugares, que nos remete as pessoas com as quais vivemos.
Escrevi estes parágrafos, para refletir sobre as ambiências de minha vida, e o quanto elas foram capazes de me unir a indivíduos, criando em mim algo tão forte que jamais me separará de cada um deles.
Meu lar, minha rua, minha escola, minha igreja e o seminário. Foram estas as ambiências que me fizeram ser Gilliardi, unindo-me a pessoas que a distância e o tempo jamais me separaram. Nunca tiraram de dentro de mim, as lembranças e o carinho que cada um dos “chegados” me proporcionou.
Sou grato a Deus que me regalou com ambiências tão maravilhosas