Páginas

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Texto escrito por um antigo Professor e amigo: Pr. Rogério Barros


A Semente do Sofrimento
O sofrimento humano é uma pedra de tropeço na relação entre Deus e Homem no curso da história. Muitos não entendem porque o Deus-Bondoso-Todo-Poderoso permite que inocentes sofram. Se é bondoso, porque deixa uma criança ou um inocente de qualquer idade sofrer? Ou não é bondoso, ou não é todo-poderoso. Mal, dor e sofrimento, são categorias que pertencem a “existência-humana-terrena”. Mesmo com o exemplo do Livro de Jó, e pensando que a dor e o sofrimento de Cristo na Cruz tornou-se no grande bem divino para beneficio da humanidade não dá para criar uma teologia-dogmática que explique o sofrimento. Não há como explicar pela lógica filosófica, ou pela lei de causa e efeito ou pelo conceito aristotélico de justiça a presença do sofrimento. Não há existência humana sem sofrimento. O sofrimento não é uma questão de justiça, não tem sua aplicação decorrente de causas humanas. O sofrimento não é matemático, não pode ser administrado, manipulado ou paralisado pelo homem. Deus fez do sofrimento uma semente que ele mesmo jogou sobre a terra, e ele brota da terra, onde caiu. Portanto enquanto estivermos com os pés na terra a semente do sofrimento pode nascer no quintal de nossas casas. Nasce da vaca louca, do espirro do porco, do resfriado da galinha, ou de experimentos em laboratórios que hora criam combinações físicas capazes de matar milhares em minutos, hora criam bactérias que causam doenças irremediáveis. Tudo isso nasce acometendo nossos filhos recém nascidos, nossos jovens na flor da idade ou nossos velhos na lucidez da vida. Assim como no processo natural a semente brota da terra, porque a terra produz. A terra produz o sofrimento que Deus plantou para nascer no transcurso do existir humano, sem que Ele mesmo fique todos os dias escolhendo a quem, como e porque o sofrimento virá. Não há uma seleção para aplicação conforme o merecimento ou não do sofrer. Como quem diz: “mal-sofre, mal-não-sofre”. O sofrimento não é uma “normal”, que estabelece, de 0 a 7 anos não pode sofrer, mas daí em diante, porque já adquiriu consciência de “bem e mal”, pode sofrer, porque ai haverá uma explicação lógica-teo-lógica para o sofrimento. Não dá para culpar ou questionar Deus porque crianças sofrem, ou porque um jovem-bom-pai, ou uma donzela sofreram o mal, sem aparente causa. Simplesmente porque o sofrimento e o mal são produto da terra onde se vive o existir humano. Da mesma terra onde tiramos o pão como suor do nosso rosto, colhemos o sofrimento que foi plantado por causa de nossa grande arrogância. Então o sofrimento é o freio de Deus para humanidade, não apenas para os pais, não apenas para os filhos, não apenas para os velhos ou para quem viveu meses, mas para a humanidade em todas as etapas do existir.

Rogério Barros

Nenhum comentário:

Postar um comentário